Minimanual do guerrilheiro urbano/VII

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A logística convencional pode ser expressada com a simples fórmula CCEM:

  • C- Comida
  • C - Combustível
  • E - Equipamento
  • M - Munições

A lógica convencional se refere aos problemas de mantimento para um exército regular das forças armadas, transportada em veículos com bases fixas e linhas de fornecimentos.

As guerrilhas urbanas, pelo contrário, não são um exército senão um pequeno grupo armado, fragmentado intencionalmente. Não possuem veículos nem bases fixas. Suas linhas de fornecimentos são precárias e insuficientes, e não têm bases estabelecidas exceto no sentido rudimentar de uma fábrica de armas com uma casa.

Enquanto que o objetivo da logística convencional é o fornecer as necessidades de guerra do exército para reprimir a rebelião rural e urbana, as logísticas da guerrilha urbana têm como objetivo sustentar as operações e táticas que não tem nada em comum com a guerra convencional e que são dirigidas contra a ditadura militar e a dominação norte-americana do país.

Para o guerrilheiro urbano, que começa do nada e não tem apoio ao princípio, as logísticas são expressas pela fórmula MDAME que é:

  • M - mecanização
  • D - dinheiro
  • A - armas
  • M - munições
  • E - explosivos

As logísticas revolucionárias tomam a mecânica como uma de suas bases. No entanto, a mecânica é inseparável do motorista. O motorista da guerrilha urbana é tão importante como o experto em metralhadoras da guerrilha. Sem um, as máquinas não trabalham e coisas como os automóveis e as metralhadoras, quando não trabalham tornam-se objetos mortos.

Um motorista experiente não se faz em um só dia, e seu aprendizado começa cedo. Todo bom guerrilheiro urbano tem que ser um bom motorista. Em relação ao veículo, o guerrilheiro urbano tem que expropriar o que necessita.

Quando já tem os recursos, o guerrilheiro urbano pode combinar a expropriação de veículos com outros métodos de aquisição.

Dinheiro, armas, munições e explosivos, como também veículos tem que ser expropriados. O guerrilheiro urbano tem que roubar bancos e lojas de armas, e conseguir explosivos e munições onde queira que os encontre.Nenhuma destas operações se realizam com um só propósito. No entanto quando o assalto é somente pelo dinheiro as armas dos guardas também são tomadas.

A expropriação é o primeiro passo para a organização de nossas logísticas, que por si assume um caráter armado e permanentemente móvel.

O segundo passo é o de reforçar e estender a logística, dependendo das emboscadas e armadilhas em que o inimigo será surpreendido e suas armas, munições, veículos, e outros recursos capturados.

Uma vez que o guerrilheiro urbano tem as armas, munições, e explosivos, um dos problemas de logística mais sérios que terá em qualquer situação, é encontrar um lugar de esconderijo no qual deixar o material e conseguir os meios de transportá-lo e montá-lo onde é necessitado. Isto tem que ser completado mesmo quando o inimigo estiver vigiando e tiver as estradas bloqueadas.

O conhecimento que tem o guerrilheiro urbano do terreno, e os aparelhos que utiliza ou é capaz de utilizar, tais como os guias preparados especialmente e recrutados para esta missão, são os elementos básicos na solução do problema eterno de logística das forças revolucionárias.