Minimanual do guerrilheiro urbano/XII
Um dos problemas principais do guerrilheiro é sua identificação com as causas populares para ganhar o apoio popular.
Quando as ações governamentais se tornam corruptas e ineptas, o guerrilheiro urbano, não deve hesitar em demostrar que ele se opõe ao governo e ganhar a simpatia das massas. O presente governo, por exemplo, impõe pesadas cargas financeiras à população na forma de impostos. É responsabilidade do guerrilheiro urbano então atacar o sistema de pagamento de impostos e de obstruir sua atividade financeira, tirando todo o peso da atividade revolucionária contra ela.
O guerrilheiro urbano luta não somente por transtornar o sistema de coleta de impostos; o braço da violência revolucionária também tem que estar dirigido contra os órgãos do governo que levantam os preços e aqueles que os dirigem, como também contra os mais ricos capitalistas nacionais e estrangeiros e os donos de propriedades importantes; em resumo, todos aqueles que acumulam fortunas com o alto custo de vida, salário de fome, preços e aluguéis excessivos.
Monopólios estrangeiros, tais como a refrigeração e outras instalações norte-americanas que monopolizam o mercado e a manufatura de suprimentos de comida gerais, tem que ser sistematicamente atacados pelo guerrilheiro urbano.
A rebelião do guerrilheiro urbano e sua persistência na intervenção de questões políticas é a melhor forma de assegurar o apoio popular na causa que defendemos. Repetimos e insistimos em repetir: é a melhor forma de assegurar o apoio popular. Tão pronto uma porção razoável da população começa a levar a sério a ação do guerrilheiro urbano, seu êxito é garantido.
O governo não tem alternativa exceto intensificar sua repressão. A rede da polícia, as buscas em casas, a prisão de pessoas inocentes e de suspeitos, ou fechar as ruas, e fazer a cidade insuportável. A ditadura militar embarca na perseguição política. Os assassinatos políticos e o terror policial se fazem rotina.
A pesar de tudo isto, a polícia sistematicamente perde. As forças armadas, a marinha e a força aérea são mobilizadas para executar as funções policiais rotineiras. Ainda assim não encontram uma forma de deter as operações da guerrilha, nem tampouco de acabar com a organização revolucionária com seus grupos fragmentados que se movem e operam através do território nacional contagiosa e persistentemente.
A pessoas se recusam a colaborar com as autoridades, e o sentimento geral é o de que o governo é injusto, incapaz de resolver problemas, e recorre somente a liquidação de seus oponentes.
A situação política no país é transformada numa situação militar na qual os militares aparentam ser mais e mais responsáveis pelos erros e a violência, enquanto que os problemas das vidas das pessoas se fazem verdadeiramente catastróficas.
Quando vêem que os militares e a ditadura estão a ponto do abismo, e temendo as conseqüências de uma guerra civil que já esta a caminho, os pacificadores (que sempre se encontram dentro de as classes governantes), e os oportunistas de ala direita, amigos da luta sem violência, se unem e começam a circular rumores detrás "das cortinas", pedindo ao carrasco eleições, "redemocratização", reformas constitucionais, e outras bobagens desenhadas para confundir as massas e fazê-las parar a rebelião revolucionária nas cidades e nas áreas rurais do país.
Mas, observando os revolucionários, as pessoas agora entendem que seria uma farsa elas votarem em eleições que tem como único objetivo, garantir a continuação da ditadura militar e cobrir os crimes do estado.
Atacando de coração esta falsa eleição e a chamada "solução política" tão apeladora aos oportunistas, o guerrilheiro urbano tem que se fazer mais agressivo e violento, girando em torno da sabotagem, do terrorismo, das expropriações, dos assaltos, dos seqüestros, das execuções, etc.
Isto contestaria qualquer tentativa de enganar às massas com a abertura de um Congresso e a reorganização dos partidos políticos--partidos do governo e os de oposição que permitira--quando todo o tempo o parlamento e os chamados partidos políticos funcionam graças a uma licença da ditadura militar num verdadeiro espetáculo de marionetes e cachorros numa corda.
O papel do guerrilheiro urbano, para poder ganhar o apoio das pessoas, é o de continuar lutando, mantendo em mente os interesses das massas e a intensificação de uma situação desastrosa no qual o governo tem que atuar. Estas são as circunstâncias, desastrosas para a ditadura, que permitirão aos revolucionários abrir a guerrilha rural no meio de uma expansão incontrolável da rebelião urbana.
O guerrilheiro urbano está envolvido na ação revolucionária a favor do povo e busca nela a participação das massas numa luta contra a ditadura militar e para a libertação do país. Começando com a cidade e com o apoio do povo, a guerrilha rural se desenrola rapidamente, estabelecendo sua infra-estrutura cuidadosamente enquanto que a área urbana continua sua rebelião.