O Brasil Anedótico/CCXLI
Constâncio Alves — Discurso de recepção na Academia Brasileira de Letras, 1922.
O poeta Laurindo Rabelo descurava de tal forma do seu vestuário, que as famílias mais íntimas e que mais o admiravam, sentiam constrangimento em convidá-lo para as suas festas.
Certa dona de casa, incitada pelos filhos para que o contemplasse com um convite para as suas reuniões mundanas, objetou, um dia:
— Agora, não. Esperem que ele tenha roupa, que eu o convido.
Assim que o poeta exibiu um terno novo, a matrona cumpriu o que prometera; mandou-lhe um convite, logo aceito.
O sarau começou, porém, sem o boêmio. Quando já estavam cansados de esperar, bate alguém à porta. Todos correram para receber o retardatário. E foi uma decepção. Quem chegava era um carregador, trazendo em um tabuleiro a roupa nova do poeta, e este bilhete:
— "Aí vai o Laurindo".