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O Brasil Anedótico/LXII

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Serzedelo Correia — "Páginas do Passado", pág. 24

Transmitida a Deodoro, por Floriano. na manhã de 15 de novembro, a notícia de que o Visconde de Ouro-Preto lhe queria falar, o velho soldado subiu e, ao penetrar no gabinete em que se achava reunido o ministério no quartel-general, foi inevitável o choque.

— Senhor general, — declarou Ouro-Preto, — diante da força e do seu ato de violência, impossibilitado eu de combatê-lo, entrego à sua guarda as instituições e o governo!

— Sim, respondeu Deodoro; — diante da força e da violência provocadas pelos governos que nunca souberam tratar o soldado. Se VV. Excias. soubessem o que é ser soldado, se VV. Excias. sofressem com cinco anos de campanha, o fogo, as intempéries e a fome, e como eu, oito dias seguidos, só comessem milho cozido, haviam de compreender as amarguras da alma do soldado, e tratá-lo de outro modo!

— Por maiores que sejam as amarguras e agonias do soldado, — retorquiu o Visconde, — não podem ser iguais às minhas, ouvindo nesta hora V. Excia.

Deodoro perdeu a calma.

— Pois V. Excia. está preso! bradou.

Floriano intervém, porém:

— Não, Manuel; isto não é do trato!

E Deodoro de novo:

— Podem o ministério e V. Excia. se retirarem para as suas casas.