O Saci (8ª edição)/23
XXIII
Saida dos sacis
NEM em sonhos Pedrinho jamais esperou que pudesse observar um quadro mais curioso. Aqueles minusculos capetinhas eram as mais travessas e irrequietas criaturas que se possam imaginar. Não paravam um só instante. Cabriolavam nos musgos do chão, pulavam como pulgas, dansavam, inventavam mil travessuras. E tudo faziam sem por um só instante tirarem os pitinhos da boca.
Deram-se cenas muito engraçadas. Tres deles ficaram muito atentos, de narizinho para o ar, observando um morcego que despreocupadamente comia frutinhas de uma enorme figueira. Depois de cochicharem entre si, treparam á fìgueira, com todas as cautelas para não assustar o morcego. Foram por trás dele e, de repente — zás!... pularam-lhe ao lombo, como perfeitos cow-boys! O morcego levou um grande susto e começou a corcovear no ar, em vôos tontos, enquanto os tres cavaleiros, firmes na sela como carrapatos, davam assobios agudissimos, num grande contentamento.
Outro havia trepado a um arbusto e descoberto um ninho de beijaflor com tres ovinhos. Imediatamente deu brado de alarma, chamando os companheiros. Reuniu-se um bando em redor do ninho, cujos ovos foram retirados e levados para o chão. Lá acenderam uma minuscula fogueirinha e assaram os ovos e os comeram com grande alegria e gulodice.
Esta obra entrou em domínio público pela lei 9610 de 1998, Título III, Art. 41.
Caso seja uma obra publicada pela primeira vez entre 1929 e 1977 certamente não estará em domínio público nos Estados Unidos da América.