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O carro nº 13/VIII

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Rompeu finalmente o dia 15, ansiosamente esperado por Amaro Faria.

O jovem fazendeiro perfumou-se e enfeitou-se o mais que pôde. Estava adorável. Depois de um último olhar lançado ao espelho, Amaro Faria saiu e entrou num tílburi.

Tinha calculado o tempo de lá chegar; mas, como todo o namorado, chegou um quarto de hora antes.

Deixou o tílburi a certa distância, e entrou a passear ao longo da praia.

De cada vez que assomava um carro ao longe, Amaro Faria sentia-se enfraquecer; mas o carro passava, e em vez do número feliz trazia um 245 ou 523, que o deixava em profunda tristeza.

Amaro consultava o relógio de minuto a minuto.

Afinal assoma ao longe um carro que andava vagarosamente como devem andar os carros que entram em tais mistérios.

— Será este? disse Amaro consigo.

O carro aproximava-se com lentidão e vinha fechado, de maneira que ao passar junto de Amaro, este não pôde ver quem ia dentro.

Mas apenas passou, Amaro leu o número 13.

As letras pareceram-lhe de fogo.

Foi imediatamente atrás; o carro parou dali a vinte passos. Amaro aproximou-se e bateu na portinhola.

A portinhola abriu-se.

Havia dentro duas mulheres, ambas tinham um véu na cabeça, de maneira que Amaro não podia distinguir as suas feições.

— Sou eu! disse ele timidamente. Prometeu-me que eu a veria...

E dizendo isto dirigia-se alternadamente para uma e outra, pois não sabia qual delas era a misteriosa correspondente.

— Vê-la somente, e irei com a sua imagem no meu coração!

Uma das mulheres descobriu o rosto.

— Veja! disse ela.

Amaro recuou um passo.

Era Antonina.

A viúva continuou:

— Aqui estão as suas cartas; lucrei muito. Como depois de casada não será tempo de arrepender-se, foi bom que o conhecesse agora mesmo. Adeus.

Fechou a portinhola, e o carro partiu.

Amaro ficou alguns minutos no mesmo lugar, olhando sem ver, e com ímpetos de correr atrás do carro; mas era impossível apanhá-lo o mais ligeiro tílburi, porque o carro, levado a galope, ia longe.

Amaro chamou de novo o seu tílburi e voltou para a cidade.

Apenas chegou à casa, saiu-lhe ao encontro o jovem Marcondes, com um sorriso nos lábios.

— Então, é bonita?

— É o diabo! deixa-me!

Instado por Marcondes, o fazendeiro da Soledade contou tudo ao amigo, que o consolou como pôde, mas saiu de lá rindo às gargalhadas.