Os Fidalgos da Casa Mourisca/XI
Pela manhã do dia seguinte recebeu Jorge um recado do pae, para ir fallar-lhe.
Apressou-se em obedecer. Foi encontrar D. Luiz a passeiar no quarto, e manifestamente irritado. Vendo entrar o filho, mostrou-lhe uma carta aberta, que estava em cima da mesa.
— Ah! É da prima? — exclamou Jorge, depois de examinar a assignatura. — Finalmente escreveu!
— Podia dispensar-se de o fazer — resmungou o fidalgo e proseguiu:
— Parece-me que não foste muito feliz na lembrança de bater a essa porta.
— Então?!
— Lê e verás.
Jorge leu, a meia voz, a carta que era concebida n'estes termos:
«Meu bom tio.
Tive, ao voltar a Lisboa de uma visita á Hespanha, a mais agradavel surpreza. Recebi, emfim, uma carta sua! A singularidade do facto não me inhabilitou para sentir no maior grau uma salutar alegria. Cuidava que me tinham esquecido. Convenci-me agora de que felizmente me enganára. Lisongeou-me ainda o vêr que o meu bom tio se dirigia a mim, para me pedir conselho! Claro estava que já não era no seu conceito aquella doidivanas de outros tempos. Ainda bem que me faz um poucochinho de justiça. Não se arrependa; effectivamente hoje estou mais ajuizada. O meu caracter de
viuva dá-me um ar de respeitabilidade, que vae muito bem com os meus vestidos escuros, nos quaes a garridice não ultrapassa ainda os limites do roixo. Mas devo confessar-lhe que me incumbe de uma espinhosa tarefa! Descobrir a carreira mais adequada ao nosso caro Mauricio, que deve ser a estas horas um bonito e elegante rapaz, mas com tanto que, acrescenta o meu querido tio, «elle não seja obrigado a transigir com as ideias do seculo», é devéras uma missão difficil e para melhor engenho do que o meu. Principio por não saber bem quaes são as taes ideias do seculo, com que o priminho Mauricio não deve transigir. Eu, que sou a pessoa mais transigente d'este mundo, não posso assim de repente saber quaes são aquelles principios, com que os meus primos são incompativeis, ou que são incompativeis com os meus primos. Depois ha tantas ideias remoçadas, que passam por novas, que já não é facil distinguir quaes são as do seculo e quaes não são. E deixe-me dizer-lhe, meu bom tio, que ha uma certa ordem de coisas, com que provavelmente, na sua opinião, Mauricio não deve transigir, mas sem transigir com as quaes não se dá hoje n'este mundo um passo que tenha geito. Creia que nos nossos dias é pouca a gente que não está convencida disso, e raros os que ainda se contentam com ficarem sendo immoveis columnas do throno e do altar, emquanto os outros vão andando. Ahi está que me lembrava a mim arranjarmos, com tempo, para Mauricio um d'estes commodos circulos eleitoraes, por onde uma pessoa sahe deputado sem o sentir. A carreira é das melhores para rapazes de intelligencia e de aspirações; mas a urna popular, provavelmente, figura no rol das coisas, com que Mauricio não deve transigir. Emfim, meu intransigente tio, apesar de todos os meus bons desejos, sinto-me devéras com os braços atados, e tropeço a cada momento em uma incompatibilidade! Julgo preferivel conferenciarmos de viva voz. Tenciono visital-o brevemente. Preciso de revistar a minha quinta dos Bacellos, da qual já tenho saudade. Ahi irei pois, e de sua bôca ouvirei
aquillo com que pudemos, e aquillo com que não devemos transigir. Até então creia-me sempre sua muito transigente, mas affectuosa sobrinha
Gabriella.
P.S. Se um abraço cordial e bem intencionado de uma prima viuva é coisa com que Mauricio possa transigir, peço o favor de lh'o dar em meu nome e outro a Jorge, que, pelo que vejo, tem juizo aos vinte annos, facto que, seja dito entre nós, não tem sido frequente em nossa familia.»
Esta carta, escripta á vontade e no tom familiar de uma mulher caprichosa, costumada a não se constranger com pessoa alguma, e a vêr admittirem-lhe, como naturaes, todos os caprichos, não podia ser menos accommodada ao genio sisudo e respeitador de etiquetas, que era uma das pronunciadas feições do velho fidalgo.
A maneira por que a sobrinha lhe escrevia, a sem-ceremonia com que parecia rir-se dos seus delicados escrupulos politicos, era tão subversiva da ordem estabelecida e respeitada nos usos tradicionaes da familia, que D. Luiz escandalisou-se.
Jorge comprehendeu, á primeira leitura, qual o effeito que esta carta deveria ter produzido no animo do pae, mas procurou dissimular.
— Uma vez que ella vem, esperemos — disse em tom indifferente. — De viva voz tracta-se melhor d'estes negocios.
— Que hei de eu tractar com uma doida d'estas? Tomára que ella me deixasse socegado!
— São maneiras de Gabriella, mas nem por isso deixará de olhar com seriedade por este assumpto.
— São maneiras?... Tudo tem limites. Isto não é carta que uma rapariga escreva a um velho, que é seu tio.
E D. Luiz, ao dizer isto, pegava na carta por uma ponta e arremessava-a sobre a mesa, como se fôra um objecto que lhe inspirasse repulsão.
— Costumes do tempo — aventurou timidamente Jorge.
— Bons costumes! Pois, embora ella o diga zombando, não transijo com elles, não senhora; nem filho meu, emquanto quizer que eu por filho o tenha, ha de transigir tambem.
— Esperemos, até que ella venha.
— Já sei que de nada servirá a conferencia. Essa porta podes consideral-a fechada.
Jorge, depois de mais algumas tentativas para acalmar a irritação paterna, voltou para o quarto, intimamente satisfeito com a carta da baroneza, em cujo auxilio confiava para vencer as reluctancias do velho.
Augmentaram-lhe ainda mais as esperanças, quando leu um laconico bilhete, em que a prima lhe respondia tambem, assegurando-lhe que viria breve, e que trabalharia com empenho no sentido que elle lhe indicára.
Meia hora depois, dava Jorge a novidade a Mauricio, que encontrou descendo as escadas com elegante e caprichoso traje de cavalgar e cantarolando despreoccupado:
Dae-me uma casa na aldeia,
Casa rustica, isolada,
Que mostre por entre verdes
A sua frente caiada.
— Esse desejo vem fóra de proposito — disse Jorge, sorrindo — porque justamente hoje chegou a carta que esperavamos de Gabriella.
— Ah! chegou! E então? — interrogou Mauricio um pouco sobresaltado.
— Promette vir aqui. Pede uma conferencia para breve, na qual se discutirão as bases da reforma.
— Ai, ella vem cá? Visto isso adiada toda e qualquer resolução a meu respeito?
— Até que ella chegue.
— Ora ainda bem!
— Estimas?
— É que hoje qualquer ordem de partida encontrava-me pouco de animo para deixar a aldeia.
E continuou a cantar:
D'onde se eleve ás trindades
Um fumosinho cinzento
Que se dissipe nos ares,
Ao menor sôpro do vento.
— Olá! Como se desenvolveu assim em ti esse apêgo ás coisas rusticas? — perguntou Jorge com ironia.
— Que queres tu? Caprichos!
— Caprichos!! mas é que não estamos no caso de os ter. Ai, Mauricio, receio que dês em mau homem de negocios, se a conferencia decidir que o deves ser — continuou Jorge no mesmo tom.
— A Gabriella terá o bom senso necessario para propôr outra solução ao problema da minha vida. Creio...
E Mauricio desceu as escadas, exclamando alegremente:
— Adeus, adeus que vou vêr quem tu sabes.
Jorge contrahiu a fronte ao escutar-lhe as palavras com que se despediu, e conservou-se immovel ainda depois que o perdeu de vista, e já quando o não ouvia, nem o bater das patas do cavallo no lagedo do pateo; a final sacudiu a cabeça, como para livrar-se de uma ideia importuna e murmurou:
— Ora! Tudo isto é natural... Vamos trabalhar!
E foi encerrar-se no quarto.
Mauricio sahiu a cavallo, mas não estendeu por muito longe o seu passeio matutino. Parecia errar ao acaso, mas acaso era esse que por duas vezes o conduzia na via da casa de Thomé.
E de ambas as vezes uma cabeça de mulher apparecia á janella, ao ruido que faziam no caminho as patas do cavallo, o qual Mauricio obrigava a evoluções ao chegar áquelle sitio.
Essa cabeça era a de Bertha. Mauricio saudou-a com um sorriso e dirigiu-lhe algumas palavras de galanteio. Bertha retirou-se para dentro, depois de elle ter passado, dizendo comsigo:
— É uma imprudencia o que estou fazendo. Vamos; é preciso cautela.
E a terceira vez que o sentiu já não appareceu para o vêr.
Mauricio porém estava contente com a manhã; continuando no seu passeio, dirigiu o cavallo por uma azinhaga cavada em barrancos pelas enxurradas, e depois de difficil e precipitosa descida por entre pinheiraes, veio sahir a outra rua mais larga, ao fim da qual havia uma residencia campestre de menos má apparencia.
Era uma casa branca, de um só andar e ao correr da rua, mas de solida construcção; bem caiada, bem pintada e bem esfregada. Entrava-se para ella por um pateo coberto de ramada, cercado de um muro baixo e fechado por uma meia cancella de castanho ennegrecido. Dentro d'este pateo pouco espaço havia desobstruido; aqui um monte de rama de pinheiro, além duas ou tres rimas de achas, acolá um tronco de larangeira partido, uma mó de moinho, dois carros desapparelhados, dornas, arados, pipas, canastras, escadas de mão, e varios outros utensilios de lavoura e de uso domestico.
Mauricio prendeu o cavallo ao muro e entrou para o pateo.
Abria-se para este a porta da cozinha; vinha de lá um grande rumor de vozes, de risadas e de cantares; via-se brilhar no fundo um clarão avermelhado e ouvia-se um estalar de lenha, devorada pela chamma. Chegando-se mais perto, Mauricio contemplou por alguns momentos, sem ser visto, o quadro que se lhe offerecia á observação. Era uma cozinha aldeã, vasta, desafogada; immenso lar, compridos preguiceiros ao longo das paredes, no alto prateleiros pejados de louça nacional, de panellas e alguidares; nas traves os cabos de cebola, no fumeiro a bem curada pá de presunto; o amplo fôrno vomitava lavaredas pela bôca escancarada e a cada instante engolia as novas e enormes dóses de lenha que lhe ministravam; na masseira fumegava já a farinha ainda não levedada para a fornada da semana; e n'ella os braços valentes e roliços de duas frescas moças do campo enterravam-se até os cotovêlos; a um signal d'estas, outras traziam da lareira grandes panellas de agua fervendo, com que acrescentavam a massa, levantando ao ar nuvens de densos vapores. Uma peneirava a um canto a farinha para o bolo, outra arrumava o cinzeiro do fôrno com a vara meia carbonisada; limpava esta a pá grande para a introducção das borôas e aquella empunhava a pequena pá de ferro de rapar a masseira. No meio d'esta legião feminina assim atarefada, a patrôa da casa, que, como Calypso sobre as nymphas que a serviam, ou, segundo a comparação classica, como o elegante cypreste sobre as vinhas rasteiras, olhava sobranceira para todas, superintendia no trabalho de cada uma e distribuia as tarefas com methodo e intelligencia.
Era esta a ti'Anna do Védor, em quem já ouvimos fallar, a que havia creado aos seus válidos e sadios peitos os dois meninos da Casa Mourisca. Era ella enfarinhada, arregaçada, afogueada, com os cabellos escondidos debaixo do lenço vermelho que atava sobre o occipital, com a voz potente, o olhar fino e os movimentos faceis, apesar dos cincoenta annos já contados.
Á sua vista perspicaz não escapou por muito tempo a presença de Mauricio; e logo que o viu, correu para elle com os braços abertos, exclamando:
— Ai, o meu rico filho!
— Cautela, cautela, Anna, olha que me enfarinhas! — advertiu Mauricio, tentando fugir-lhe.
— E que tem que te enfarinhe! Olh'agora? A farinha é pão, e o pão vem de Deus.
E sem precauções nem reparos apertou o corpo delgado de Mauricio nos seus robustos braços, deixando-lhe na roupa vestigios evidentes d'este cordial amplexo.
— Vês, vês? — dizia Mauricio, sacudindo-se — olha em que preparo me puzeste, ama! Estou asseiado!
— Sim? Pois melhor para ti, que já tens que fazer, e não me andas por ahi a vadiar e a fazeres-me doidas as moças cá da terra com as tuas bregeirices. Sahiste-me boa rez! não tem duvida nenhuma!
E pronunciava isto com um modo, acompanhava-o com um olhar tal, que fazia temer a imminencia de um outro beijo e de um outro abraço.
Mauricio continuava sacudindo-se.
— O mal que tenho, vem do leite que bebi — dizia elle no entretanto.
— Hum! — acudiu a ti'Anna com um gesto de soberba. — Conta-me d'essas! O que vos valeu, meus fidalguinhos de torrão de assucar, foi trazer-vos eu a estes peitos, senão o que seria feito do vosso corpinho de vime? Olh'agora! ieis como foram indo vossos irmãos mais velhos, e aquelle anjo de vossa irmã, que ainda hoje me resta a pena de não ter creado tambem. Mas quem adivinha vae para as casinhas.
— Aos preparativos que estou vendo — observou Mauricio — ha grande fornada para hoje.
— É como vês. E não minguam bôcas que a comam. Senhor nos não falte com estas côdeas.
— E o bolo que não esqueça.
— Eram bons tempos aquelles em que vocês ambos o comiam como se fosse maná! Esquecer! Olh'agora! Não ha de esquecer, não, se Deus quizer, que não falta por ahi gente necessitada, com quem se reparta. Vá, vá, raparigada! não se me ponham agora paradas a olhar para as moscas, que o serviço não espera! Olh'agora! Deita-me o centeio n'aquella massa, pasmada, avia-te! Parece que nunca viram um rapaz! Bem tirado das canelas é elle, salvo seja; mas isso não basta! Olh'agora! Mas que milagre foi este que te trouxe por aqui a estas horas?
— Um passeio...
— Um passeio!... Hum! ahi anda moiro na costa. Olha lá se me desinquietas coisa que me pertença, que tens de te haver depois commigo... Eu ainda tenho um par de sobrinhas que são moças de mão cheia. Ora olha lá. Quem te désse o juizo de Jorge! Aquillo é outro estôfo! É verdade — continuou ella, dando emphase á interrogação com o poisar das mãos nos quadris — dizem-me que elle é quem dirige agora os negocios lá em casa.
— Ha muito tempo já.
— Pois foi bem pensado! Sim, senhores. Porque olha que eu nunca gostei do frade, Deus me perdoe; e emquanto ao fidalgo, com ser boa pessoa, não serve lá muito para governar casa. E tu que fazes?
— Eu..., eu...
— Passeias; ora pois pudera! Se este senhor havia de fazer outra coisa. Pois não fazes bem, que pelos modos isso lá por casa não está para graças.
— Que é do Clemente, Anna? — inquiriu Mauricio, mudando de conversa.
— O meu Clemente? ó filho, nem eu sei. Se queres que te diga, o rapaz, desde que o metteram na regedoria, não faz outra coisa. Isto é, eu devo dizer o que é verdade; o serviço apparece feito, isso lá apparece; mas a gente nem sabe quando nem como. Mas, agora me lembro, elle pelos modos está hoje para casa do Thomé da Herdade. Chegou-lhe a filha da cidade, sabes? A Bertha, a que brincava com vocês na Casa Mourisca, e que tu dizias que era a tua namorada? garoto foste tu sempre desde criança. Diz que vem uma senhora. Tolices do pae. Olh'agora! Mas o caso é que a rapariga é geitosa e diz que muitas nadas e creadas na cidade dariam uma orelha para apparecerem tão bem como ella. Estou morta por a vêr, mas esta minha vida não é para vagares. Então disse ao meu Clemente: «Vae tu a casa de Thomé, rapaz, e faze-lhe lá os meus cumprimentos.» O caso é que elle foi e... Ó raparigas, então esse pão ainda não está amassado?
E não lhe soffrendo a impaciencia de animo a inacção, aproximou-se da masseira, e afastando as moças que lhe cederam o logar com deferencia, remexeu, com o vigor de seus desenvolvidos musculos, a massa que, sob tão poderoso motor, cedo adquiriu a consistencia precisa.
Depois amontoou-a, alisou-a, traçou-lhe em cima com a mão uma cruz e murmurou:
S. Vicente te acrescente
S. Mamede te levede.
Cobriu-a com a baeta e depois acrescentou, voltando-se para a sua gente:
— Ora ahi o tem; agora olhem-me por esse fôrno, que são horas.
E tornando a Mauricio, continuou, como se não tivesse havido interrupção:
— Pois é verdade, elle foi e ainda não veio. Sabes tu que era esta a mulher que ficava a matar para o meu Clemente?
Mauricio estremeceu, como se ouvira uma heresia.
— Quem? Ella? Bertha?
— Sim; então que achas? Pois com quem queres tu que ella case cá na terra? Fidalgos não a querem; os rapazes por ahi são uns labrêgos que Deus nos acuda. O meu Clemente..., não é agora por ser meu filho, mas não se lhe faz favor nenhum confessando que é mais geitoso do que elles. E sobre tudo, depois d'isto da regedoria. Elle falla com o snr. administrador e até com o governador civil, quando vae ao Porto, e a cada passo está a escrever-lhes e a receber cartas d'elles, e é tudo: Deus guarde a v. s.ª para aqui, Deus guarde a v. exc.ª para acolá. Ora a filha do Thomé vem costumada a estas coisas lá da cidade e emfim, sendo de costume, já se não gosta de passar sem isso.
Mauricio não podia seguir placidamente as conjecturas da ama, parecia-lhe uma profanação o que ouvia.
— Não, não, Anna. Clemente não é marido que convenha a Bertha. De modo nenhum. Desengana-te.
— E porque não? Ora essa é boa! Quem é então que lhe convem? Olh'agora!
— Bertha tem... teve... ha de ter...
— Tem, teve e ha de ter, o quê?...
— Uma educação... gostos...
— Ora viva! Já fazes a filha do Thomé fidalga de mais para o meu rapaz! Ora quem alli está. Olha que eu sou da creação de Thomé, e conheci-o rapazinho de pé descalço, a guardar o gado... Olh'agora!
— Não duvido, Anna, mas... Bertha já viu a cidade e...
— Toma! E o meu Clemente? Ora deixa-te de historias. Sabes que mais?... Não me andes tu já por ahi com o olho na pequena, que é o que me parece; olha que não é nenhuma tola como as outras.
— Ó Anna, que ella não é como as outras sei eu. Nunca esta terra soube o que era um anjo assim.
— Olhem, olhem! É o que eu digo. Temol-a travada! Eu logo vi. Ó filho, que não sei a quem me sahes. Eu logo vi. Tu que te espinhavas todo por eu querer a rapariga para o meu Clemente!... Mas, olá, snr. Mauricio, veja o que faz. Lembre-se de quem ella é filha. É um homem serio e que não gosta de quem não o tractar como homem serio... Mas ahi vem o meu Clemente; elle é que me vae dizer da rapariga.