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Os Trabalhadores do Mar/Parte I/Livro III/XI

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XI.


LANCE DE OLHOS AOS MARIDOS EVENTUAES.


Déruchette ia crescendo e não se casava.

Mess Lethierry fel-a uma moça de mãosinhas alvas, mas tornou-a exigente. Educações daquellas voltam-se sempre contra os pais.

Elle proprio era mais exigente ainda que a filha. Imaginava um marido para Deruchette que fosse tambem marido de Durande. Queria de um lance prover as duas filhas. Queria que o companheiro de uma fosse piloto da outra. Que é um marido? É o capitão de uma viagem. Porque motivo não dar um só capitão ao navio e á filha? O casal obedece ás marés. Quem sabe guiar uma barca sabe guiar uma mulher. Ambas são sujeitas á lua e ao vento. O Sr. Clubin, tendo apenas quinze annos menos que mess Lethierry, não podia ser para Durande senão um capitão provisorio; era preciso um piloto moço, um capitão definitivo, um verdadeiro successor do inventor, do creador. O piloto de Durande seria o genro de mess Lethierry. Porque motivo não fundir os dous genros em um só?

Lethierry affagava esta idéa. Via apparecer-lhe em sonhos um noivo. Um gageiro possante e tostado, athleta do mar, eis o seu ideal. Não era esse o ideal de Deruchette, o sonho da moça era mais côr de rosa.

Fôsse como fôsse, o tio e a sobrinha pareciam estar de accordo em não terem pressa. Qnando viram Deruchette tornar-se herdeira provavel, apresentaram-se pedidos aos centos. Estas sollicitudes nem sempre são de boas qualidade. Mess Lethierry sentia isso, e dizia entre dentes: moça de ouro, noivo de cobre. E despedia os pretendentes. Esperava. Ella tambem.

Cousa singular, Lethierry não fazia cabedal da aristocracia. Por esse lado era um inglez inverosimil. Difficilmente se acreditará que elle chegou a recusar um Ganduel, de Jersey, e um Bugnet-Necolin, de Serk. Houve mesmo quem ousasse affirmar, mas nós não acreditamos, que elle recusou uma proposta da aristocracia de Aurigny, indeferindo o pedido de um membro da familia Edou, que evidentemente descende de Edou-ard o Confessor.