Página:A Brazileira de Prazins (1882).pdf/261

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que no tálamo conjugal não se faz mister a virgindade em duplicado. Mas não era assim que ele pensava. Ninguém lhe desdourara a honra da sobrinha, nem o derriço com o José Dias fazia implicância à sua honestidade. Ele não tinha os rudimentos de malícia necessária para desconfiar que uma menina de dezasseis anos, criada nos seios da natureza imaculada de uma aldeia do Minho, pudesse abrir de noite uma janela, debruçar-se no peitoril e ajudar a subir um homem. O oficial do pedreiro é que sabia casos, anomalias, desde aquela noite em que o luar o enganou.

Marta ouvira aterrada a noticia que o pai lhe deu da vontade do tio. Irritou-se. Tinha sido criada com muito mimo, sem mãe, voluntariosa, e com uns ares senhoris que desautorizavam o respeito que o pai, rústico lavrador, não sabia incutir. Em vez de chorar corno as filhas desgraçadas e humildes, respondeu desabridamente que não casava com o tio; que o desenganasse, se quisesse; e, se não quisesse, ela o desenganaria. A terrível nota golpeara-lhe o coração cheio de saudades