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Marta, a beata, a senhora brasileira de Prazins, como lhe chamavam as regateiras das drogas da salvação, fornecera-se de tudo em duplicado; mas sobre todos os devocionários o da sua leitura dilecta era o Pecador Convertido ao Caminho da Verdade, edição do seu confessor varatojano, Frei João de Borba da Montanha.

São impenetráveis os segredos revelados no tribunal da penitência por Marta ao seu director espiritual. O padre Osório, não obstante, suspeitava que a penitente revelasse, com escrupulosa consciência, solicitada por miúdas averiguações do missionário, saudades, reminiscências sensualistas, carnalidades que se lhe formalizavam no espírito dementado, enfim, visões e sonhos com o José Dias. Inferia o padre a sua conjectura, sabendo que Frei João lhe mandara ler no Pecador Convertido, três vezes por dia, o capítulo 33, intitulado Resistência às tentações contra a castidade. Fortalecia esta hipótese ter dito Marta a D. Teresa que a alma de José Dias lhe aparecia em sonhos; e às vezes, mesmo acordada, lhe parecia senti-lo na cama à sua beira; e então mordia o travesseiro