Página:A Brazileira de Prazins (1882).pdf/343

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para que o tio a não ouvisse chorar. Pode ser que estas revelações, comunicadas ao confessor, um simplório incapaz de destrinçar entre doença e pecado, fossem acompanhadas de particularidades sensitivas que Marta por vergonha não contava à sua amiga. É certo que a confessada do varatojano lia, declamando, diante do seu oratório, três vezes, por dia, a Resistência às tentações contra a castidade.

A oração dizia assim:

Senhor amorosíssimo, não vos escondais, não me deixeis sozinha, que me cerca o leão para me devorar; os seus rugidos me atormentam para que não goste das suavidades do vosso amor. Cercarei todo o Mundo, subirei aos Céus, não descansarei enquanto não achar o meu amor. Conjuro-vos, filhas de Jerusalém, criaturas da terra que, se encontrares o meu amado, lhe digais que morro de amor. E, se quereis os sinais para conhecê-lo, ouvi. O meu amado é cândido e rubicundo, escolhido entre milhares; cândido por divino, e rubicundo por humano, cândido porque inocente, e rubicundo