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Quando lhe não dava alguns pontapés, desfechava-lhe um tiroteio de palavradas de tarimba, e perguntava-lhe se tinha saudades dos bordéis do Ramalhão, aqueles pagodes reais. Desta procacidade esquálida, derivou a um mutismo estúpido. Não lhe respondia. Fechava-se no seu quarto, contíguo à garrafeira.

D. Honorata Guião teria vinte e oito anos, quando saiu de Lisboa para o Minho em 34. Era formosa das finas graças aristocráticas. Urna elegância nervosa, inquieta, mordiscada de desejos como uma flor branca muito picada das abelhas. Aceitara o major Cerveira, porque era rico e estadeava na corte as suas librés. Tinha trinta anos, e dizia-se que aos quarenta seria general, porque D. Miguel gostava muito dele. Rosnavase que o Cerveira tinha sido um dos assassinos do marquês de Loulé.

Este rapaz de corte e da intimidade do rei e das infantas, disputado pelas damas da rainha, era aquele ébrio encanecido que, debruçado na janela do seu quarto, fortemente fincado no peitoril de ferro da sacada, revessava ao caminho público golfos