O presidente põe na cabeça o seu barretinho de casca de avelã e interrompe a sessão.
Restabelece-se o silencio.
Então um grilo, agitando as azas, sobe acima d'uma casca de noz e interpela o governo.
Queria que lhe explicassem porque era que havendo tanto padre, com direito á peusão do estado, se tinha autorisado o casamento eclesiastico. Pois não via o governo que isto viria engrossar a concorrencia ás pensões e que dentro d'alguns anos o thesouro não poderia sustentar tantos padres?
Levanta-se prestos e assomado o mais vivo e inteligente dos grilos do governo e explica, que, se tinha autorisado o casamento eclesiastico, é porque havia uma grande crise de meninos do côro.
Um grilo independente e alegre desata a rir, e, no entusiasmo da hilaridade, finca os pés com fôrça nas costas do colega da frente.
Este grita ao presidente, para que faça entrar na ordem o desrespeitador das suas costas. O outro não atende ao convite da presidencia.
Novos gritos, novo tumulto.
Alguns congressistas avançam rubros, de murro fechado.
― Então que ó isto? ― bradam das galerias. ― repetem-se as senas do tempo do obscurantismo?
― Nunca! berra um grilo todo encrespado, dando murros na cabeça do visinho: nesses tempos de selvageria, inutilisavam as cousas que custam dinheiro... Hoje só se partem cabeças, que não valem nada!
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