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Página:A Dança do Destino - Lutegarda Guimarães de Caires (1913).pdf/118

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Collecção Antonio Maria Pereira

Chamei-o Pst! pst!... Não ouviu.

Dirigia-se para a borda do precipicio...

Tive o presentimento d'uma tragedia, a visão d'um suicidio, e corri para êle gritando:

― Senhor gafanhoto! O' Senhor gafanhoto! Então? o que faz?...

Êle estacou, e vendo-me, tirou o seu chapensinho de veludo, numa rasgada reverencia, dizendo um pouco agitado:

― Por cá, minha senhora?!

― Que desgosto eu teria se o não encontrava! Diga-me, já fez as pazes com a sua republica?

― Bem se vê que anda bem longe de tudo isto!

― Não comprehendo!

― Sim, fala em paz... quando êles quasi nos devoram, para se não devorarem uns aos outros...

― Que me diz? mas então, o que eu ouvi...

― Tudo palavras.

― Entusiasmos tão sinceros...

― Adeus, minha senhora.

― Como adeus?

― Expatrio-me; não posso mais!

― Porquê?

― Não ouve além o ruido dos machados? São os rachadores de fóra que começam a invadir a floresta para derribarem e levarem as nossas arvores seculares...

― Phantasía com certeza! eu nada ouço...

― Não admira! não conhece os ruidos da floresta!...

― Mas então, o regimen trouxe taes males?...