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Página:A Dança do Destino - Lutegarda Guimarães de Caires (1913).pdf/16

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Collecção Antonio Maria Pereira

Havia apenas cinco annos, não o podia esquecer. Parecia-lhe ainda estar a vê-la, essa querida Martha, ainda muito alegre, com a sua linda pelle muito branca, as frescas rosas nas faces, que disputavam a primazia da beleza ás rosas do seu gracioso chapeu, aquele chapeu muito garrido que lhe ficava tão bem! E o vestido? Como se lembrava ainda! Modesto, sim, mas muito airoso, de uma elegancia fina, do requintado esmero, colarinho de renda, todo aquele conjuncto encantador, que fazia o seu orgulho de marido feliz, nos dias em que sahiam juntos, muito risonhos, acariciando o futuro que se lhes apresentava alegre e prometedor.

Oh! que diferença de tempos! Apenas cinco annos se tinham passado, e como tudo estava mudado!

Então viviam êles, noivos ainda, n'uma casinha dos arredores, alegre como uma manhã de abril.

O sol acordava-os logo de manhãsinha, entrando-lhes pela janela dentro, e então Martha começava no arranjo do seu ninho perfumado, onde nunca faltavam as rosas viçosas a enfeitar o atelier d'êle. O seu belo atelier, que era mesmo um brinquinho!

N'esse tempo trabalhava com amor. Os seus quadros eram vendidos razoavelmente e a sua vida decorria serena e feliz.

Mas eis que a doença lhe entra em casa, e brutalmente o derruba. O trabalho cessou. As economias foram-se.

Larga foi depois a convalescença, e quando, emfim, a mocidade triumphava, cahia exausta a pobre Martha, moída de trabalho, das longas vigilias, das