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Página:A Dança do Destino - Lutegarda Guimarães de Caires (1913).pdf/17

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A dança do destino
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lagrimas que nas noites de angustiosa espectativa a tinham dilacerado.

Depois do nascimento do filho, a pobre flôr, vergada aos vendavaes do infortunio, ergueu-se, emfim, mas fraca e estiolada como uma pálida sombra do que fôra.

Começou então o grande calvario dos dois infelizes.

Assim foi que êle, acabrunhado pela desdita, vendo escassearem-lhe os compradores para os seus quadros, porque os não tratava e sahiam-lhe obras imperfeitas, começou a aborrecer o trabalho.

Aquellas obras abominaveis, feitas só com o pensamento nos magros tostões que lhe trariam, detestava-as.

Vendo-se desdenhado no seu trabalho, veio-lhe a revolta pela miseria que começava e um tedio invencivel pela unica forma que tinha de a debelar.

Fez-se preguiçoso e indolente. E, pouco a pouco, essa miseria que o enervava, invadia-lhe a casa, com todo o cortejo dos seus horrores.

 
III
 

Agora a caminho da casa de jogo, impelido pela mão fatal do desvarío, mas com a recordação saudosa d'esse passado tranquilo, e ancioso por um futuro que lh'o fizesse voltar, caminhava açodado pelo pa-