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Página:A Dança do Destino - Lutegarda Guimarães de Caires (1913).pdf/24

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Collecção Antonio Maria Pereira

Os pontos sorriam-lhe, acenando com a cabeça, que muito bem! diziam até uns para os outros, que aquilo é que era saber jogar!... e varios outros comentarios que, fazendo-os em voz alta, o lisongeavam em extremo.

Ele agora, era um velho conhecido da casa, um amigo estimado, pois então? presentia-o.

Como é que chamavam a um tal paraizo uma casa de perdição?!

Ai que tôlo fôra em não ter lá ido ha mais tempo! Bem lhe importava com o mal dos banqueiros! Tambem êle já passara bem mans bocados e ninguem tivera dó d'êle!

Jogaria, jogaria sempre, até levar a banca á gloria!

Ah! até que emfim! N'uma só noite readquiriria o que, nem nos seus tempos de felicidade, nunca tivera.

E que tivera éle? Uma reles mediania, comesinhas ambições, que nem eram proprias de uma alma grande, como a sua.

Vegetava, que diabo! Agora sim, é que ia viver! Agora é que iria desforrar-se de toda essa vida de aborrecido trabalho, e voltaria todas as noites a jogar, e depois, ao recolher ao seu palacio porque havia de ter um palacio quando sahisse do seu automovel, porque teria automovel — atiraria fóra o charuto de cinco tostões, porque a mulher não podia