As mãos tremiam-lhe, soltava phrases de indignação por cada moeda de 200 réis que se submergia nas ondas de prata que a levavam.
Os pontos olhavam-no trocistas.
— Pudera! — diziam êles — pois se êle não sabe jogar! que grande tumba! porque se não retirou a tempo? tudo quiz, tudo perdeu; é bem feito!
Mal distinguia já os olhares ironicos com que o fitavam e ouviu uma voz de mulher dizer:
— O' João! já reparaste que o candieiro está voltado?
Aquilo deveria ter qualquer significação oculta, porque um rapaz, que estava proximo, levantou-se muito enfadado, resmungando:
— Que azar de typo, safa!
Os que ha pouco lhe tinham surripiado algumas moedas, agarra vam agora, desconfiados, no dinheiro que tinham na frente e murmuravam:
— O seguro morreu de velho!
Pousou a mão distrahidamente nas costas da cadeira d'um sujeito, que estava assentado ao seu lado, e logo o outro se levantou furioso, exclamando:
— O' senhores, que calor! não póde uma pessoa respirar!
Passou para o outro lado. Uma rapariga, ria muito, com um riso franco e sonoro, o ao vê-lo ao pé, disse baixo para um rapaz que a acompanhava:
— Cá vem o esgronviado trazer-nos o azar! Ora! deixá-lo... se assim fôr, raspamo-nos.
Êle agora estava quasi encostado ao croupier, estendia o braço para colocar a moeda de 200 réis,