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Página:A Dança do Destino - Lutegarda Guimarães de Caires (1913).pdf/31

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A dança do destino
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agarravam-no mãos descarnadas e os ossos dos dedos chocavam se apontando-lhe a sahida!...

 
IX
 

Já na rua, sem saber como o tinham posto fóra, o ar refrescou-lhe a fronte esbraseada.

Agora tremia de frio.

Uma vozita de creança choramingava proximo:

— Cinco reisinhos, pelo amor de Deus! Tenho fome!...

Era um pequeno mendigo. Tinha fome! E o seu filho, têl-a-hia no dia seguinte... Mas então êle, o pae, o homem cheio de vida e mocidade, para que servia? Ouviu uma voz que lhe bradava:

— Trabalha, miseravel! mostra que não serves só para roubares o pão de teu filho, lançando-o, n'um momento de desvario, sobre a ignobil banca da roleta!... Trabalha! Sim, sim, trabalharia. Só poderia lavar essa mancha, que o deshonrava, morrendo a trabalhar! Morreria no seu posto, ou venceria.

E agora que lhe voltára a energia de outr'ora, agora que tão rudemente castigado fóra, pela sua repugnante fraqueza, como lhe seria facil trabalhar, se possuisse ao menos o necessario para uns dois dias, emquanto procurava o trabalho! Como se consideraria feliz com o dinheiro que lhe tinham dado