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Página:A Dança do Destino - Lutegarda Guimarães de Caires (1913).pdf/32

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Collecção Antonio Maria Pereira

pelo seu quadro, e que êle levara para aquele antro maldito!

Sahia um rancho da casa de jogo; uma rapariga ria e falava alegremente, dando o braço a um rapaz.

De repente, estacou.

— O' coitado! disse ela olha! é o maluco dos 5$000 reis! Éle a mim não me deu azar, mas sempre tem uma telha!

Cahiram 200 reis aos pés do pequeno. Jayme, por um movimento involuntario, olhou, e emquanto o pequeno os apanhava e desaparecia correndo, pensava:

— Se eu tivesse dois tostões!...

A rapariga olhava-o entre compadecida e trocista. Passou-lhe ao pé, e de repente, com uma grande gaiatice, exclamou, segurando-lhe no casaco:

— Este hoje não paga a ceia, com certeza. Só lhe ficou o cotão no bolso... pateta!...

Depois afastou-se a rir doidamente.

 

Batiam 2 horas da madrugada. O frio era intenso, ao longe soavam ainda as risadas da rapariga...

 

Começou então a caminhar ao acaso. Batia o queixo n'uma convulsão nervosa. O frio quasi lhe tolhia o passo.

Insensivelmente encaminhou-se para casa. Lá dentro a completa escuridão e a mulher aflicta, sem luz, velando ainda, tinha a certeza d'isso.