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Página:A Dança do Destino - Lutegarda Guimarães de Caires (1913).pdf/41

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A dança do destino
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Quasi sempre as invejas recáem sobre as cousas menos invejaveis.

Ao lado, casas pegadas, vivia um irmão de D. Purificação. Era casado e tinha dois filhos — José e Santa.

Esta, comquanto boa, era piegas e voluntariosa, por muito mimada dos paes.

O rapaz, um pouco infezado e doente, era naturalmente desastrado, caia repetidas vezes, e, chorando destemperadamente, fazia responsavel das suas infelicidades a irmã e principalmente a prima, a pequena Lia.

Com o rosto lambusado pelas fatias de pão com manteiga e assucar, que andava sempre a comer, a fraldita da camisa quasi sempre a sahir-lhe para fóra dos calções, choramingando continuamente, tornava-se um companheiro terrivel: e era por este motivo que as duas pequenas o excluiam, com enfado, das suas brincadeiras. De modo que Lia, estimava mediocremente o primo, emquanto que adorava a prima.

Quando se juntavam as duas, sentia-se bafejada por um lampejo de alegria, que lhe trazia a companhia da prima, a iluminar as sombras da sua triste infancia.

Em meio da indiferença e da hostilidade que a rodeavam, aceitava o afecto pueril de Santa, como um conforto para o seu coração de criança, fechado, pela força, a todas as expansões proprias da sua edade.

A mãe de Santa era uma adoravel e boa criatura, esposa e mãe amantissima, que atraía a arisca