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Página:A Dança do Destino - Lutegarda Guimarães de Caires (1913).pdf/42

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Collecção Antonio Maria Pereira

pequena, com o seu olhar meigo e aveludado em que muitas vezes a envolvia.

Esses olhos, que tanto acariciavam a pobre Lia, quantas vezes ella os viu chorar tambem!... Ah! que se fosse com esta que Lia vivesse !...

Quantas vezes esse desejo a assaltou, quando o primo fazia as suas queixas, e aquela mulher, tão meiga, em vez da repreensão que Lia temia, com os mesmos labios com que beijava o filho, sorria para a prima, de quem ele se queixava!

Mas não, a pobre Lia não era com ela que vivia, mas sim com a outra, que não sabia o que era ser mãe.

Acontecia ás vezes, nas brincadeiras das duas primas, Lia sentir-se maguada e ofendida; e então, revoltado o seu orgulho, por nunca lhe reconhecerem direitos, queria logo retirar-se.

A outra, porém, que não queria pedir, mas desejava que a prima ficasse, compreendendo que só levando-a pelo sentimento o conseguiria, chamava o irmão e dizia-lhe:

— O' José! pede-lhe que fique, mas chora!

Então o rapaz, que parecia trazer sempre as lagrimas preparadas, puxava a fraldinha da camisa, e, esfregando com ela os olhos, rompia nam berreiro medonho, gritando entre soluços:

— Não te vás embora, senão eu não me calo!...

Lia, entre risonha e commovida, ficava.

No entanto, eram estas as suas horas mais alegres.