A mãe de Lia só a grandes intervalos ia vêr a filha, porque a viagem era fatigante e dispendiosa, de modo que a pequena poncas vezes tinha essa consolação, que era para ela como o sol que lhe entrava na alma e toda uma aurora de inefavel doçura, mas tão pouco duradoura, ai d'ela! que lhe deixava sempre a saudade de um sonho bom e logo extinto.
Rapidos dias passava a mão a seu lado, porque a tia lh'os sabia abreviar com as asperezas do seu genio e as humilhações que, por vezes, infligia à cunhada.
Só nessas ocasiões é que a pequena tinha alguns brinquedos, que a extasiavam e, por vezes, alguma modesta joia que a mãe lhe trazia.
Uma vez, trouxe-lhe uma pulseira de contas de coral, d'onde pendiam uma cruz, uma ancora e um coração em oiro, representando a Fé, a Esperança e a Caridade.
Para a pequena, foi como se Deus lhe enviasse do ceu um bracelete de estrelas. Trazia-a só nos dias festivos, e aquela modesta joia era tão graciosa e delicada, que toda a gente a elogiava quando a viam no seu alvo bracinho.
Quauto orgulho não sentia a pobre pequena nessa ocasião, por não estar habituada a elogios!
Depois, ao tirar a sua joia, beijava-lhe os emblemas das tres virtudes, na visão radiante de que beijava as mãos de quem lh'a tinha ofertado.