Arthur poz-se a rir.
— Não são anos nenhums! E' meu pae que váe fazer um discurso, respondeu.
Mario guardou silencio, e poz-se a seguir, com o olhar vago, um pardal que saltava de ramo em ramo a folhagem escnra da nespereira que cobria, com uma mancha de sombra, o quintal do Arthur.
O seu espirito estava concentrado numa unica ideia. Um discurso !
E êle que nunca ouvira nenhum! Tinha agora, ali, un mesmo à mão!...
Era só saltar o muro e pronto.
Então, voltando se subitamente para o Arthur, numa ancia de curiosidade que lhe punha risos nos olhos e comoção na garganta, disse:
— Se fossemos ouvir?...
O outro encolheu os hombros, assumindo uma expressão cortante de ilusões:
— Isso sim! aquilo é só para os grandes.
Mario baixou a cabeça desalentado, murmurando:
— Que pena!
No semestre seguinte teve um grande desgosto: a familia do amigo mudava-se.
Quando chegou o dia fatal da separação, chorou muito, abraçado ao Arthur, que a cada momento se desenvincilhava d'êle, declarando-o piegas e massador.
Que diacho! êle não ia embarcar para o Brasil!
— Olhem a grande cousa, saltar apenas umas ruas!...
Demais Mario ia passar a frequentar a escola e era muito facil o verem-se sempre. Era só combina-