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Página:A Dança do Destino - Lutegarda Guimarães de Caires (1913).pdf/83

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A dança do destino
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rem uma hora, à saida, para se encontrarem no jardim da Estrela e já poderiam brincar à vontade.

Êle resignou-se, e assim passou a fazer, quando alguns dias depois começou a ir ao colegio. Todos os dias, à volta para casa, se encontrava com o Arthur á porta do jardim da Estrela, onde entravam os dois, garotando o mais que podiam, para aproveitarem o tempo disponivel de Mario.

Uma vez, o Arthur disse lhe que não podia esperar no dia seguinte.

— Porquê? — perguntou Mario contrariado.

— Porque ha lá um discurso em casa, ― respondeu aquele.

— Outro discurso! — murmurou Mario pensativo.

— Olha, d'esta vez, se quizeres, podes ouvir, porque na casa nova ha lá um esconderijo d'onde podemos ver e ouvir tudo, sem darem por nós.

Êle exultou de contente. Combinaram a hora e o pretexto com que Mario havia de saír de casa — uma mentira, está bem de ver — e, no dia seguinte, lá estava Mario em casa do amigo.

Ao fundo de uma sala quadrada, mesmo á entrada, que servia de sala de visitas e de jantar, estava uma pequena mesa, bastante despolida pelo uso e pelas mudanças, que servia de secretária ao pae de Arthur, sobre a qual se via um copo cheio de agua na extremidade direita, e alguns papeis ao meio, seguros pelo pezo d'uma campainha.

Em frente, tres duzias de pessoas, de todas as edades, sentadas em bancos de pinho, e por detraz da

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