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A ESTRELLA DO SUL

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mentos e a pedra, e que me vá esconder em algum sitio onde não seja conhecido, - Em Bloemfontein ou em Hope-Town, por exemplo. Alugo um quarto modesto, fecho-me para trabalhar com o maior segredo, e só voltarei depois de ter acabado a obra. Talvez assim consiga fazer com que os malfeitores me percam o rasto!... Mas, repito, quasi me envergonho de suggerir este plano...

— Que me parece muito rasoavel, respondeu Cypriano, e tanto que lhe peço encarecidamente que o ponha em pratica!

— Mas olhe que leva tempo, que preciso pelo menos de um mez, e que podem acontecer muitos accidentes no caminho!

— Não importa, senhor Vandergaart, uma vez que o senhor pensa que é este o melhor partido a tomar. E no fim de contas, se se perdesse o diamante, não era grande o mal!

Jacobus Vandergaart olhou para o joven com uma especie de medo.

— Não perderia elle o juizo com um tal lance de fortuna ? perguntava a si mesmo.

Cypriano comprehendeu-lhe o pensamento e poz-se a sorrir, Explicou-lhe por tanto d'onde provinha o diamante e como d'ali por diante podia fabricar outros e tantos quantos lhe desse na vontade. Mas o velho lapidario, ou porque não desse muito credito aquella narrativa, ou porque tivesse um motivo especial para não querer ficar sósinho n'aquella cabana isolada em convivio com uma pedra de cincoenta milhões, o certo é que insistiu por partir immediatamente.

E por isso, depois de ter mettido n'um sacco velho de couro os instrumentos e algum fato, Jacobus Vandergaart pendurou na porta uma ardosia em que escrevêra: Ausente por causa de negocios, guardou a chave na algibeira das calças e o diamante no colete, e poz-se a caminho.

Cypriano acompanhou-o durante duas ou tres milhas pela