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VIAGENS MARAVILHOSAS

Cypriano sentiu penetrarem-lhe na carne as garras agudas da fera, e caiu no chão de envolta com elle. De repente resoou uma detonação. O corpo do leão agitou-se, em uma derradeira convulsão, depois inteiriçou-se e caiu ficando immovel.

Fòra Cypriano que com a mão que lhe ficára desembaraçada, sem perder a presença de espirito, tinha applicado o seu revolver ao ouvido do monstro, quebrando-lhe a cabeça com nma bala explosiva.

Neste meio tempo os que dormiam, advertidos por aquelle rugido seguido de uma detonação, chegaram ao campo da batalha. Tiraram Cypriano debaixo do enorme animal, que quasi o esmagava com o seu peso, e examinaram-lhe os ferimentos, os quaes felizmente eram apenas á superfície. Li fez-lhes um curativo simples, ligando-os com algumas tiras de linho molhadas em aguardente; arranjou para o doente o melhor logar no carrão, e dentro em pouco todos tornaram a adormecer, á excepção de Bardik, que ficou de vigia até pela manhã.

Vinha rompendo o dia, quando a voz de James Hilton, pedindo aos companheiros que acudissem, lhes annunciou um novo incidente.

James Hilton estava deitado vestido na frente do carro por baixo da bòca do tejadilho, e fallava com um tom de voz de grande terror, mas sem se atrever a mexer-se.

— Tenho uma cobra enroscada no joelho direito por baixo das calças. Não se mexam, senão estou perdido ! Mas vejam se podem fazer alguma cousa!

Tinha os olhos dilatados pelo terror e o rosto coberto de pallidez livida. Effectivamente ao nível do joelho direito, por baixo da fazenda azul das calças, observava-se a presença de um corpo estranho, — uma espécie de corda enrolada em volta da perna.

A situação era grave. Como muito bem disse James Hilton,