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VIAGENS MARAVILHOSAS

— É um assassinato! respondeu Cypriano, que saltou resolutamente abaixo da cama para vestir algum fato.

Sentia mais indignação do que terror, e concentrava todo o poder da sua colera no que lhe acontecia com o sangue frio que poderia empregar em estudar um problema de mathematica. Quem eram aquelles homens? Não conseguiria adivinhal-o, nem mesmo pelo metal de voz. Sem duvida se ali estavam alguns conhecidos d'elles, tinham a prudencia de se conservar calados.

— Já escolheu o genero de morte que prefere?... perguntou o mascarado.

— Não tenho escolha alguma a fazer; e apenas protesto contra o crime odioso com que se vão manchar! respondeu Cypriano com voz firme.

— Pois proteste, nem por isso deixará de ser enforcado! Tem alguma disposição a escrever?

— Cousa alguma que possa confiar a assassinos!

— Pois então vamos! ordenou o chefe.

Collocaram-se dois homens aos lados do joven engenheiro, e formou-se o cortejo para se dirigir para a porta.

— Mas n'aquelle instante produziu-se um incidente inesperado. No meio d'aquelles justiceiros de Vandergaart-Kopje acabava de se precipitar de chofre um homem.

Era Matakit. O joven cafre, que as mais das vezes vagueava durante a noite nos arredores do acampamento, tinha sido incitado por instincto a seguir aquelles homens mascarados, no momento em que elles se dirigiam para a cabana do joven engenheiro para lhe metter a porta dentro. Ahi tinha ouvido tudo o que se tinha dito e comprehendêra o perigo que ameaçava o seu patrão. Immediatamente, sem hesitar, e sem attender ao que lhe poderia acontecer, empurrou os mineiros e atirou-se a os pés de Cypriano.