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— Paesinho, porque é que estes homens te querem matar? exclamou elle agarrando-se ao patrão apesar dos esforços que os homens mascarados faziam para o afastar.
— Porque fiz um diamante artificial! respondeu Cypriano, apertando commovido as mãos de Matakit, que não se queria separar d'elle.
— Oh! paesinho, como eu sou desgraçado e estou envergonhado pelo que fiz! repetia o joven cafre chorando.
— Que queres tu dizer com isso? exclamou Cypriano.
— Sim! Vou confessar tudo, visto que te querem matar! respondeu Matakit. Sim!... a mim é que devem matar... porque fui eu que puz o diamante na fornalha!
— Enxotem esse fallador.
— Já disse que fui eu que puz o diamante no apparelho! repetia Matakit barafustando. Sim!... fui eu que enganei o paesinho!... Fui eu que o quiz persuadir de que a sua experiencia tinha dado bom resultado!
E punha tão feroz energia nos seus protestos que se resolveram a dar-lhe attenção.
— Isso é verdade? perguntou Cypriano, a um tempo surpreso e contrariado pelo que ouvia.
— É! É! Cem vezes verdade!
Já estava sentado no chão, e todos o escutavam, porque o que elle dizia ia mudar completamente o estado da questão.
— N'aquelle dia do grande desabamento, continuou o preto, quando eu fiquei enterrado no entulho, tinha achado um grande diamante!... Tinha-o na mão, e estava pensando no modo de o esconder, quando a parede caiu em cima de mim, como para me castigar pelo meu criminoso pensamento!... Quando depois voltei à vida, encontrei aquella pedra a cama para onde o paesinho me tinha mandado levar!... Quiz dar-h'a, mas tive vergonha de confessar que era um ladrão, e esperei uma