velhos cavalos de aluguel, nós e mais um velho de Teresópolis, que se inculcara como excelente guia. Levávamos boas armas, bom farnel para o almoço, estando combinado voltarmos a jantar com a família. Trotamos para o alto, o velhote na frente; nós, muito esperançosos, atrás. Chegados a um certo ponto, amarramos os animais e metemo-nos a pé pelo mato. Imaginem que entrar nas florestas da serra é como entrar na treva. Ali, para se ser bom caçador é preciso ter afeito a vista à escuridão do ervaçal e ter criado sobre a epiderme uma segunda pele, ou melhormente uma espécie de couro, onde os espinhos se quebrem sem lograr ferir. Cada vez que os nossos pés se afundavam no colchão de folhas mortas, a idéia de ser mordido pelas cobras juntava-se ao prazer de conseguir matar algum porco do mato. O guia assegurava ter encontrado sinais; galhos quebrados, rastro de animais em fuga. Seguimo-lo com fé. Era prudente almoçar cedo. Comemos à beira do Paquequer, entre touceiras cheirosas de lírios. As águas convidavam. Quis banhar-me, mas o Pedrosa ponderou que a fresquidão da linfa aplacaria o meu humor sanguinário, que antes deveria ser exacerbado por um golinho de parati... Tropeçando em troncos, enrodilhando-nos em cipós, alagando-nos até o queixo em valas, passamos o dia inteiro à espera da porcada
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Aspeto