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se pelas suas semelhanças e dessemelhanças.

A amizade de Argemiro foi um alívio para d. Sofia. Bem percebia ela não bastar à felicidade do filho!

Os dois rapazes viviam como irmãos!

Passaram-se anos assim, até que um dia entraram ambos em casa, um radiante, outro constrangido. Que se passara? não o soube nunca; mas por mal dela o constrangido era o filho, que entrou a empalidecer... a não dormir... enquanto o outro prosperava!

– Meu filho! que tens?

– Nada...

– Escondes-me alguma coisa!

– Nada...

– Quero-te alegre!

– Mas eu estou alegre... acredite que estou alegre e que sou feliz.

Era sempre o que ele afirmava.

“Ele mente-me!” – pensava a mãe amargurada. E a sua obra, a alegria, a ambição de glórias que, durante tantos anos se esforçara por implantar no filho, sumia-se, derrocava-se, sem que lhe fosse possível, a ela, ampará-la para a reconstruir!

– Ele mente-me...

Ela queria-o franco, risonho, amigo da vida. Ele retraía-se, tomava ares abstratos, entregava-se a leituras filosóficas e a estudos incompatíveis