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Pedrosa não parecia apressada e entrou pela seara da política, como entrara pela do amor.

Acertou no ponto de fascinação. Ela estava bem informada; Argemiro abriu ouvidos curiosos e dobrou-se na cadeira para escutá-la de mais perto. Ela era indiscreta, por ser com ele... pedia segredo de algumas afirmações, mostrando-se de vez em quando em oposição a atos do marido...

– Pedrosa morre por servi-lo em qualquer coisa... veja se inventa um pedido, para contentá-lo... – concluiu ela, levantando-se com um arzinho malicioso nos olhos espertos.

Sinhá imitou-a, quebrada de languidez, como desanimada...

Argemiro observou-a de face; ela baixou os olhos, corando. Estava galante.

– Recebemos às sextas-feiras e Sinhá tem umas amigas novas que desejam conhecê-lo... o senhor anda muito arredio, mas nem só de saudades vive o homem... é preciso distrair-se e ser amigo dos seus amigos. Até sexta-feira?

– Até sexta-feira.

Saíram, e ainda por alguns minutos vagou na atmosfera o aroma delas. Argemiro pôs-se a remexer nos seus papéis, pensando:

“E haver quem se case assim, pescado, pescado como um peixe! Não seria mais digno que a Pedrosa viesse a mim e dissesse: minha filha ama-o desde a primeira vez que o viu;