Saltar para o conteúdo

Página:A Maravilhosa Vida de Santos=Dumont.pdf/70

Wikisource, a biblioteca livre

Santós fazia questão de pagar pelo aluguel do apartamento que estava morando em Biarritz de propriedade do Marques de Soriano, e nas somas de razões optou por não aceitar o presente.

“Só tu mesmo meu grande amigo saberia como me agradar com um presente tão perfeito, porem devo indubitavelmente declinar esta honra.” Compreendendo as condições que levaram seu amigo a não aceitar o presente, Soriano faz mais uma oferta, que desta vez, parece irrecusável. “Me parece impossível que duas almas tão parecidas não possam viver juntas” diz Soriano comparando a personalidades de Santos à do automóvel. “Participarei nos dias que seguem de um concurso de elegância automotiva em Paris gostaria que me representasse como o glorioso choufer ou o Jóquei deste eqüino”.

Ainda embasbacado pela oferta do amigo Santós procura se esquivar “conheço bem tal concurso e sei que precisamos de uma lady para me fazer companhia...” Soriano interrompe a fala antes que pudesse ser terminada, deixando Santós sem alternativa. “Tenho certeza que escolhera a melhor dama para que fique ao seu lado na prova de elegância.”

Naquela mesma noite os amigos se encontraram no final de tarde no terraço do restaurante Campagne et Gourmandise, Santós foi apanhado no apartamento pelo chofer de Soriano a tempo de verem o por do sol.

-“Passei meus melhores anos aqui no litoral Frances” reafirma Santós olhando com admiração a magnífica paisagem.

- “Vamos celebrar então aos seus bons anos com champagne” responde Soriano enquanto ajeita o guardanapo em seu colarinho.

- “Não sei se seria adequado tomarmos álcool” Santós manifesta sua preocupação pois teme perder o efeito dos calmantes que o ajudavam a se recuperar de suas ultimas crises nervosas.

- “Tenho certeza de que não há melhor propósito para comemorar com champagne”afirma Soriano enquanto acena com a mão para o atento maitre.

-“O que mais gosto desta cidade é sua cumplicidade com o mar em estilo proporcional de seus habitantes...” Santos inicia sua fala sem se aperceber que o “garçom” que o serve não está trajando o uniforme típico. Repara porem que Soriano começa a sorrir em meio ao assunto que não é exatamente cômico.

Incomodado com as constantes risadas de Soriano, Santós interrompe sua fala e pergunta –“Porque ris? Ha algo de errado comigo?”

-“Não contigo, não reparaste no garçom?”

-“O que ha de errado com o gar...” Santós fica perplexo ao reparar que quem está servindo o Champagne é ninguém menos que Yolanda Penteado

60