Página:A Moreninha.djvu/120

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— Quem sois? pôde, enfim, dizer; quem sois?

— Duas crianças, foi a menina que respondeu.

— Dois anjos, tornou o velho. E quem é este menino?...

— É o meu camarada, disse ainda ela. Vosso irmão?

— Não senhor, meu... marido.

— Marido?

— Sim, eu quero que ele seja meu marido.

— Deus realize vossos desejos!...

Acabando de pronunciar estas palavras, o ancião guardou silêncio por alguns instantes... bebeu com sofreguidão um púcaro cheio de água e, olhando de novo para nós, e tendo no rosto um ar de inspiração e em suas palavras um acento profético, exclamou:

— Seja dado ao homem agonizante lançar seus últimos pensamentos do leito da morte, além dos anos, que já não serão para ele, e penetrar com seus olhares através do véu futuro... Meus filhos, amai-vos e amai-vos muito! A virtude se deve ajuntar, assim como o vício se procura; sim, amai-vos. Eu não vos iludo... vejo lá... bem longe... a promessa realizada! São dois anjos que se unem... vêde!... Os meninos que entraram