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sendo estas 22.000 espécies rigorosamente da flora do littoral do Brazil e das margens de seus grandes rios.

Freire Allemao, o grande botânico brazileiro, o homem que melhor estudou nossa flora, dizia-nos sempre que tinha vergonha de sua ignorância quando se achava em face da floresta brazileira.» (*)

Achille Richard, por exemplo, chamava o Brazil — Éden do naturalista; e sabe-se, accrescenta o auctor já citado, que «Martius, o organizador da Flora brazileira, recommendou a seus discípulos que lançassem sobre seu tumulo folhas de palmeiras do Brazil, que elle tanto tinha estudado e amado».

Lede, por exemplo, as enthusiasticas palavras de Rocha Pita, celebrado historiador:

«O Brazil, vastíssima região, felicíssimo terreno, em cuja superfície tudo «ão fructos, em cujo centro tudo são thesouros, em cujas montanhas e costas tudo são aromas, tributando seus campos o mais útil alimento, suas minas o mais fino ouro, seu terreno o mais suave bálsamo, seus mares o âmbar mais selecto; admirável paiz a todas as luzes rico, onde, prodigiosamente profusa, a natureza se desentranha nas férteis producções, brotando suas cannas espremido néctar, «dando suas florestas sazonada ambrósia. Em nenhuma outra região se mostra o céo mais sereno, nem madruga mais bella a íiurora; o sol em nenhum outro hemispherio tem os raios mais dourados, nem os reflexos nocturnos mais brilhantes. É, emfím, o Brazil terreal paraizo descoberto, onde têm nascimento e curso os maiores rios, onde domina salutifero clima, influem benignos astros, respiram auras suavissimas.»

Eram essas mesmas bellezas, esses mesmos aromas e encantos, que nosso inspirado poeta Casimiro de Abreu, em

Casimiro de Abreu.

(*) Dr André Rebouças — s zonas agrícolas. O Brazil em 1889. Livro para a Exposição de Paris do mesmo anno, publicado sob a direcção do Barão de Sant′ Anna Nery.