Não permitia Deus que eu morra,
Sem que volte para lá;
Sem que desfructe os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu′inda aviste as palmeiras,
Onde canta o sabiá.
Sobre as aves, façamos ainda uma ligeira referencia ao tnirioso pássaro que hal)ita os altos sertões do Pará e do Amazonas, o — gaUo da serra, que é tido por uma verdadeira especialidade, não só pela encantadora plumagem, como por ser muito difficil aprisional-o.
Leiamos o que nos diz Baena, em sua Ghorographia:
«É bellissimo entre todes os passares do sertão do Pará o denominado gallo da serra. O sen vulto, maior que o de um pombo, é emplumado de branda côr de ouro brilhante e a crista levantada da mesma cor, enfeitada de uma orla de vermelho. Xo voo transcende o maçarico real, e o seu canto assemelha-se ao clangor agudo de clarim mavórcio.
Este pássaro lavra o ninho de terra no intimo recôncavo dos penhascos, ou sobre a superfície das serras, esteja ou não essa superfície vertical ao horisonte; e ficam tão duros, que com sobeja difíiculdade se pôde desmantelal-os; a sua figura tem parecença de um pião de guarita de muralha.
Estes garbosos pássaros têm o uso de sahirem uma vez no anno do seu habitual recesso e apparecm no contorno das paragens habitadas. Os caçadores referem que elies costumam pousar nas franças de qualquer arvore de empinado tope, e delias descer alguns para formar ao j)é da mesma arvore um terreirinho bem limpo, em torno do qual deixam remanecer certos pequenos arbustos, em cujas hastes emjDoleiram-se, e alternes passam de um para outro arbusto, e descem ao terreirinho onde travam ligeira dança até cançar: depois remontam á grenha da arvore, da qual S3 arremessam outros para exercitarem a mesma coréa genial. Tendo todos acabado de brincar, arrancam dalli deixando um companheiro de atalaia, o qual raras vezes abandona o logar antes de ser substituido: e se acontece que o caçador o mata, ou si elle próprio se ausenta, os gallos elegem logo uma outra arvore.