E julgamos mesmo mais acertado acreditar que D. João VI
não o teria praticado, si não fosse a conjunctura especial em
que se encontrara, porque, como hem pondera criterioso
historiador «occupado o território portuguez da Europa
pelos exércitos francezes e bloqueados seus portos pelas
esquadras da Inglaterra, como poderia o Brazil continuar
seu commercio com o Reino privilegiado? Por que meio
remetteria as producções de sua agricultura, para que entrassem
nos mercados que se haviam acostumado a acolhel-os
e consumil-os? Que elementos empregaria para importar os
objectos de industria e géneros de manufactura, que seus
povos exigiam? Onde encontraria rendimentos para o Estado,
que sup])rissem os que lhe forneciam as Alfandegas pela
importação e exportação de mercadorias? Não era de mister
sustentar a Corte, o Governo, a Administração, o Exercito, a
Marinha? Podia por si só, isolada e sem relações mercantis,
subsistir a colónia?»
Pouco tempo se demorou D. João VI na Bahia, partindo em 26 de Fevereiro para o Rio de Janeiro, onde aportou em 6 de Março.
Dalli declarou a guerra aos francezes e dirigiu um mani- fc′Sto á Europa, explicando os acontecimentos.
Estabelecida assim a sede da Monarchia portugueza lio Brazil, viu-se o Rei forçado a crear novas instituições e a nomear mesmo um Ministério, que lhe auxiliasse na administração.
Inclinamo-nos muito a crer que D. João VI, observando
o desenvolvimento da colónia, sua immensa riqueza
e os altos destinos que a aguardavam, acalentara a idéa de
fixar definitivamente no Brazil a sede da Monarchia, ou de
preparar elementos próprios para a possibilidade da fundação
de um novo Império, deante das idéas de independência
que iam lavrando.
Parecem-nos provas do que avançamos, sua permanência