— Que é isso? — perguntou Emília.
— Ah, isto é uma das reformas que acho mais necessárias: a reforma dos morros. Sempre que tenho de subir um morro, fico cansada e sem fôlego. E então imaginei uma coisa assim: os picos serão para baixo, em vez de serem para cima, de modo que, quando a gente tem de ir ao pico dum morro, desce, em vez de subir...
Emília ficou a olhar, ora para a Rã, ora para o desenho. Era uma reforma que deixava tudo na mesma. Quando alguém que descesse ao pico do morro tivesse de voltar, teria de subir para o vale...
— Não. Essa idéia está boba. Muito melhor fazermos os morros bem baixinhos, de modo que não canse a gente; ou então deixarmos os morros em paz. Para que subir morro?
CAPÍTULO IX
O LIVRO COMESTÍVEL
A MAIOR PARTE das idéias da Rã eram desse tipo. Pareciam brincadeiras, e isso irritava Emília, que estava tomando muito a sério o seu programa de reforma do mundo. Emília sempre foi uma criaturinha muito séria e convencida. Não fazia nada de brincadeira.
— Parece incrível, Ră! — disse ela. — Chamei você para me ajudar com idéias na reforma, mas até agora não saiu dessa cabecinha uma só coisa aproveitável — só "desmoralizações"...
— Isso não! A idéia das tetas com torneira na Mocha foi minha e você gostou muito. A da pulga também.
— Só essas. Todas as outras eu tive de jogar no lixo. Vamos ver mais uma coisa. Que acha que devemos fazer para a reforma dos livros?
A Rãzinha pensou e não se lembrou de nada.
— Não sei. Parecem-me bem como estão.
— Pois eu tenho uma idéia muito boa — disse Emília. — Fazer o livro comestível
— Que história é essa?