punha uma lividez azulada de lua em tempo de peste:
— Se Sua Eminencia approvou...
— Sim senhor! E aqui tem a titi porque foi a bulha!... No quarto ao lado do meu havia uma ingleza, uma hereje, que mal eu me punha a rezar, ahi começava ella a tocar piano, e a cantar fados e tolices e coisas immoraes do Barba-Azul, dos theatros... Ora imagine a titi, estar uma pessoa a dizer com todo o fervor e de joelhos: «Oh Santa Maria do Patrocinio, faze que a minha boa titi tenha muitos annos de vida» — e vir lá de traz do tabique uma voz d’excommungada a ganir: «Sou o Barba-Azul, olê! ser viuvo é o meu filé!...» É d’encavacar!... De modo que uma noite, desesperado, não me tenho em mim, sáio do corredor, atiro-lhe um murro á porta, e grito-lhe para dentro: «Faz favor d’estar calada, que está aqui um christão que quer rezar!...»
— E com todo o direito, affirmou o dr. Margaride. Vossê tinha por si a lei!
— Assim, me disse o Patriarcha! Pois senhores, como ia contando, grito isto para dentro á mulher, e ia recolher muito sério ao meu quarto, quando me sae de lá o pai, um grande barbaças, de bengalorio na mão... Eu fui muito prudente: cruzei os braços e,