— Compra, é coisa de familia, fica-te bem.
E, n’uma vespera de Paschoa, assignei no cartorio do Justino, com o procurador do Negrão, a escriptura que me tornava emfim, depois de tantas esperanças e de tantos desalentos, o senhor do Mosteiro!
— Que faz agora esse maroto d’esse Negrão? indaguei eu do bom Justino, apenas sahiu o agente do sordido sacerdote.
O dilecto e fiel amigo deu estalinhos nos dedos. O Negrão pechinchava! Herdára tudo do padre Casimiro, que lá tinha o seu corpo no alto de S. João e a sua alma no seio de Deus. E agora era o intimo do padre Pinheiro que não tinha herdeiros, e que elle levára para Torres, «para o curar». O pobre Pinheiro lá andava, mais chupado, empanturrando-se com os tremendos jantares do Negrão, deitando a lingua de fóra diante de cada espelho. E não durava, coitado! De sorte que o Negrão vinha a reunir (com excepção do que fôra para o Senhor dos Passos, que não podia tornar a morrer, esse!) o melhor da fortuna de G. Godinho.
Eu rosnei, pallido:
— Que besta!
— Chame-lhe besta, amiguinho!... Tem