como eu — assaltou-me o desejo ferino de a matar, com desprezo e a murros, alli, n’esses degraus onde tantas vezes arrulhára a suavidade dos nossos adeuses. E bati na porta com um punho bestial como se fosse já sobre o seu fragil, ingrato peito.
Senti correr desabridamente o fecho da vidraça. Ella surgiu em camisa, com os seus bellos cabellos revoltos:
— Quem é o bruto?
— Sou eu, abre.
Reconheceu-me — a luz dentro desappareceu; e foi como se aquella torcida de candieiro, apagando-se, deixasse tambem a minha alma em escuridão, fria para sempre e vazia. Senti-me regeladamente só, viuvo, sem occupação e sem lar. Do meio da rua olhava as janellas negras, e murmurava: «ai, que eu rebento!»
Outra vez a camisa da Adelia alvejou na varanda.
— Não posso abrir, que ceei tarde e estou com somno!
— Abre! gritei erguendo os braços desesperados. Abre ou nunca mais cá volto!...
— Pois á fava, e recados á tia.
— Fica-te, bebeda!
Tendo-lhe atirado, como uma pedrada, este urro severo, desci a rua muito teso,