Página:A Viuva Simões.djvu/140

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a um sentimento de proteção que julgava dever dispensar-lhe.

À uma hora estavam no jardim. Como a noite estivesse quente, seguiram até ao fundo, ao paredão que dava sobre o mar. Pelos relvados circundavam linhas multicores de copinhos luminosos e um foco de luz elétrica, partindo do centro do jardim, derramava a sua luz diáfana sobre a verdura reluzente dos arbustos e a brancura marmórea das Vênus e das bachantes nuas.

A vegetação abundante e incomparável do Rio exibia ali os seus mais encantadores exemplares. Palmeiras variadíssimas, fetos enormes misturavam os seus leques e as suas rendas às carnudas begônias, às avencas sutis, às parasitas de formas artisticamente rebeldes e fantásticas, às rosas, aos cactos, aos jasmins, às flores ardentes e rudes e às flores idealmente brandas e leves como flocos de espuma. A folhagem vermelha e cor de ouro velho do croton tinha a seus pés os tapetes rose-dourados dos jasmins-manga, caídos como um chuveiro de perfume e de luz dos galhos claros da árvore.

Luciano continuava ao lado de Sara, sem saber mesmo porque considerava-se agora o seu protetor e o seu guarda, num zelo mais do que paterno. A moça fugira um pouco à assiduidade importuna do Eugênio Ribas, confessara isso mesmo a Luciano, numa confidência amiga e sincera.