- Iaiá sempre dizia que não haverá de usá nunca essas coisas!... - observou a ama.
- Eu era moça! E hoje...
Houve um relâmpago de ódio a fuzilar-lhe nos olhos...
- É velha?! perguntou a outra rindo.
Ernestina não respondeu; limpava com a ponta da toalha umedecida na água as pestanas e as sobrancelhas, que se desenhavam negras e finas numa leve curva harmoniosa. Depois, sacudiu os ombros com o lenço, examinou os dentes, as unhas... e prestou o ouvido atenta; sentira passos.. mas os passos passaram e ela então disse com um sorriso irônico:
- Uma mulher apaixonada não deveria nunca envelhecer.
Bateram. Josefa correu a abrir a porta da sala; Ernestina relanceou a vista para o espelho e murmurou num desafio quase triunfante:
- Sara! Vamos a ver qual de nós duas vence!
Dois minutos depois, ela entrava na sala. Luciano foi ao seu encontro com um modo embaraçado, conquanto afável. Ernestina fixava-o com altivez.
- Chamou-me e aqui me tem, disse ele procurando sorrir.
- Compreende porque não lhe pedi que fosse antes a minha casa.
- Não...