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Página:A Viuva Simões.djvu/17

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quando, já órfão de mãe, o veio acompanhar até portas do hospício de D. Pedro II, onde o velho, louco, ainda viveu alguns anos terrivelmente agoniados!...

O olhar da viúva passou num vôo rápido por sobre o mar, as ilhas, a cidade e as montanhas e ficou abstrato, voltado de novo aos sonhos, inconscientemente preso ao Pão de Açúcar, cabeça da formidável esfinge que descansa sobre o leito misterioso do mar o seu enormíssimo corpo de montanha, com as garras sumidas nas águas e a fronte sumida nas nuvens. O seu pensamento lá ia esvoaçando como ave ligeira, pelo tempo antigo, sem que a vista se desfitasse da pedra arroxeada do monte, cortada de grandes laivos esbranquiçados ou escuros, escorregando de cima, como se fossem lágrimas.

E o pensamento, acordado de um letargo em que jazia sepultado havia longo tempo... corria agora mais doce e velozmente do que o barco de velas lá em baixo, na solidão das águas.

Junho espalhava cores luminosas; as primaveras estavam cobertas de pétalas solferinas, as paineiras abriam sorrisos cor de rosa nas suas grandes flores; nas inúmeras araucárias do morro suspendiam-se estrelas de um verdor condensado e as rosas embalsamavam o ar fresco, leve, inundado de luz.

A viúva deixava-se, preguiçosamente, no mesmo lugar, a idéia longe, a carne alagada pela doçura inigualável