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Página:A Viuva Simões.djvu/16

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De repente o seu olhar perdeu aquela cor crepuscular, que dá a saudade, e fixou-se na cidade, como se quisesse indagar do que se passava por lá.

Surgindo de entre a verdura e a casaria, erguia-se logo em baixo, risonho e fresco, o outeiro da Glória, encimado pela igreja branca e pitoresca, contrapondo a sua poesia graciosa e aldeã à majestade ilimitada do mar.

Todo o bairro do Catete, com as suas ruas elegantes, parecia imerso numa grande paz. A esguia chaminé da City Improvements não sujava o ar com o seu fumo, denegrido e infecto. Subia de tudo uma poesia alegre, desde as pontes rústicas de madeira alcatroadas, que mal se viam numa curva de praia, até o deslizar da barca de Niterói que atravessava a baía, com a bandeira flutuante na ré e um rastro de espumarada na proa.

A filha da viúva jogava o croquet com um grupo de amigas, no pomar; mal se ouviam em casa a bulha seca dos martelos nas bolas, mais as risadas das jogadoras alegres. Tinha sido o pai, riograndense robusto e sangüíneo, quem a habituara àqueles exercícios e jogos ao ar livre.

Filho de uma senhora alemã e de um negociante português, o Simões de Porto Alegre, ele tinha recebido da mãe uma educação viril e uma saúde robusta, e do pai um pequeno patrimônio com que mais tarde se estabeleceu no Rio,