Página:A Viuva Simões.djvu/176

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De repente lembrou-se de tudo e viu o seu erro. Enganara-se nos remédios. Comparou os dois frascos, eram iguais no tamanho, eram quase iguais na cor... mas num estaria talvez a salvação, no outro estava com certeza a morte!

E fora a morte que ela levava à sua amada, à sua idolatrada filha!

Ernestina correu para fora, gritando pelos criados: tornou depois a entrar no quarto, e pareceu-lhe que as pupilas de Sara se tinham dilatado muito e que na sua pele branca e pálida desabrochavam manchas violáceas. Tornou a sair e foi bater com ambas as mãos na porta do quarto das criadas, que já se vestiam estremunhadas e aflitas. Quis tornar para o lado de Sara, não teve coragem e atirou-se para o jardim.

A casa do hortelão era ao fundo, meio encoberta pelos pés de murta, ao lado da horta. Ernestina correu para lá, pisando nos canteiros, colérica contra os espinhos das roseiras que a obrigavam a parar, prendendo-lhe o vestido que ela estraçalhava.

O João acordou assustado, ouvindo a voz da patroa que lhe ordenava de ir chamar o médico depressa, muito depressa. Ele respondeu que sim, com a voz empastada, cheia de sono.

- Chame também um padre! Minha filha morre!

Ernestina voltou para dentro mais uma vez.