D. Candina percebendo-a exclamou assustada:
- Olhem quem está ali!
Rodearam Ernestina; Josefa enrolou-a no seu xale, enquanto a viúva perguntava baixinho à Georgina, apontando o leito:
- Morreu?!...
- Não... mas...
Como se aquelas palavras lhe tivessem insuflado nova vida, Ernestina desembaraçou-se de todos, que procuravam retê-la, e correu para a cama.
Pararam os outros a vê-la silenciosos e opressos. D. Candinha cobriu-lhe de novo os ombros com o xale, mas o xale resvalava para o chão. A viúva curvada para a filha não dizia nada nem se movia tão pouco. Olhava... olhava... olhava!
Sara tinha emagrecido muito e a sua cabeça, redonda e forte, parecia desproporcionada agora emergindo de uns ombros estreitos, de criança. Os olhos não tinham brilho, olhavam sem ver e a boca entreaberta enchia-se de baba, que Georgina limpava de vez em quando, pacientemente.
A mãe parecia não compreender...
D. Candinha murmurou-lhe ao ouvido:
- Que é isso, Ernestina? Vá vestir-se! Luciano está aqui...
- Que me importa! Sara? oh minha filha?
Sara voltou-se para a mãe e arrastou algumas sílabas embrulhadamente que ninguém pôde entender!