Página:A Viuva Simões.djvu/211

Wikisource, a biblioteca livre

glorioso e quente. O mar estendia-se sereno, muito azul, limpo de barcos, beijando as fitas brancas das praias longínquas e fronteiras. As montanhas recortavam no céu límpido os seus enormes perfis bizarros num esbatimento de sombras e de luz. Embaixo, no pitoresco outeiro da Glória tremulavam bandeiras de festa. Entre a casaria da cidade, lá uma outra janela, batida de sol, despedia dos vidros chamas de incêndio e repicavam os sinos e havia em tudo um ar de alegria e de infinita doçura! Só ao longe, temível no seu grandioso mistério, a Esfinge silenciosa mergulhava parte do seu corpo de montanhas na água profunda, erguendo para o alto espaço a sua fronte rochosa e altiva!

Luciano quedou-se ali longo tempo, ora com os olhos fitos nos galhardetes da igreja, ora nas fortalezas silenciosas, ou nos despenhadeiros do morro, onde as paineiras abriam, em sorrisos cor de rosa, as suas grandes flores.

Concluindo uma série de reflexões quaisquer, Luciano murmurou a meia-voz, levantando-se:

- Decididamente hei de morrer solteiro...

- Está falando sozinho? perguntou-lhe D. Candinha, que havia chegado sem ser pressentida.

- Falei alto? Não admira, estou meio maluco.... respondeu ele sorrindo.

- É preciso cuidado... as paredes têm ouvidos... e....

- Está tudo acabado...