os seus mais finos produtos. Potes de porcelana, vasos de cristal, bocetas de veloutine exalavam um aroma confuso, forte, entontecedor.
Sozinha naquele quarto em que a sua imagem se duplicava, Ernestina estudava os seus movimentos procurando ao mesmo tempo adivinhar qual seria, entre tantos, o perfume preferido de Luciano.
O musgo?... Quem sabe? Talvez... fazia lembrar o campo... água limpa rolando em pedras claras, camponesas contentes, de carnes fortes.
O lírio? Quem sabe?... Talvez... fazia sonhar em idílios brandos e amores virginais. A flor de fruta? O jicky? O heliotropo? A violeta?... Quem pudesse adivinhar! Ernestina abria os diversos frascos, consecutivamente. Chegava-os bem perto, as narinas palpitantes; mas no fundo de todos eles encontrava o mesmo mistério, a mesma vertigem, a mesma dúvida!
Isso exacerbava a voluptuosidade da moça, irritando-a no mesmo tempo. Desmanchava com mãos nervosas, na água simples, as nuvens opalinas das essências e quedava-se depois observando os seus ombros delicados e nus, os seus formosos braços e a maciez do seu colo airoso.
Vestia-se devagar, demoradamente. A lã preta do luto repugnou-lhe; aquele trajo áspero e triste não era o que o seu corpo desejava. A pele