Comprava aqui, ali, acolá, meio tonta, magnetizada por tantas coisas brilhantes e bem dispostas.
A travessia daquela casa ia-lhe povoando a imaginação de sonhos.
As escomilhas, as gazes, as tules transparentes, as sedas muito claras, de tecidos mimosos lembravam-lhe bailes, acendiam-lhe desejos de valsas, cortadas por frases curtas ao som ritmado da música. As sedas pretas, os livros de missa, as grandes franjas do vidrilho, chamavam-na de repente a festas de igreja, muito solenes, onde o bispo abençoasse o povo... Dali saltava para o ménage; as toalhas de linho adamascadas com barras vermelhas, ouro velho e azul persa, sorriam-lhe, chamando-a para a sua alegre sala de jantar, cheirando as belas rosas - marechal Niel, que se enroscavam às janelas. E ela apalpava pelúcias cor de fogo e rendas cor de opala, pensava em toilettes de teatro, de baile, de recepção, de passeio, vendo as fitas desenroscarem-se dentre as mãos de um caixeiro, como serpentes multicores e tentadoras, e contemplando os grandes leques de plumas, que uma moça escolhia perto do balcão.
Queria comprar tudo; encontrava uma aplicação imediata para cada objeto. A moda sorria-lhe, chamava-a para fora daquele luto, daquela vida austera, concentrada e simples do seu chalet. Invejava as mulheres que freqüentam